{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/06/23/brexit-esta-e-historia-de-amor-odio-entre-o-reino-unido-e-a-uniao-europeia" }, "headline": "#Brexit: Uma hist\u00f3ria de amor-\u00f3dio entre o Reino Unido e a Uni\u00e3o Europeia", "description": "Era uma vez um arquip\u00e9lago integrando duas na\u00e7\u00f5es, uma delas composta por quatro pa\u00edses. A leste/ sudeste estava um enorme continente. Uma comunidade econ\u00f3mica foi criada. Depois parte o arquip\u00e9lago a", "articleBody": "Tudo come\u00e7ou em 1973. O Reino Unido (Inglaterra, Esc\u00f3cia, Pa\u00eds de Gales e Irlanda do Norte) aderiu \u00e0 ent\u00e3o denominada Comunidade Econ\u00f3mica Europeia, a CEE, sigla que o grupo Rock portugu\u00eas GNR popularizou nos anos 80 e que ainda hoje perdura\u2026 na m\u00fasica. Ao mesmo tempo que os s\u00fabitos de Sua Majestade Isabel II, tamb\u00e9m os governantes da Dinamarca e os da Rep\u00fablica da Irlanda (tamb\u00e9m brit\u00e2nicos, mas externos ao Reino Unido) apertavam as m\u00e3os dos l\u00edderes da CEE. 1 January 1973: UK s the EEC. Negotiations conducted by Edward Heath #referendum #ThursdayThrowback pic.twitter.com/okrvO7JzIm\u2014 Ten Human Resources (@tenfenestration) 9 de junho de 2016 A ades\u00e3o do Reino Unido foi liderada por um governo Conservador ap\u00f3s anos de negocia\u00e7\u00f5es envolvendo Edward Heath, o primeiro-ministro brit\u00e2nico da altura \u2014 residiu no n.10 de Downing Street entre 19 de junho de 1970 e 4 de mar\u00e7o de 1974. O reino de Isabel II era \u00e0 altura uma das na\u00e7\u00f5es mais pobres entre as principais economias europeias, ultraado pela Fran\u00e7a e as emergentes Alemanha e It\u00e1lia, v\u00edtima do decl\u00ednio comercial na Commowealth (a comunidade intergovernamental resultante das descoloniza\u00e7\u00e3o do Imp\u00e9rio Brit\u00e2nico e \u00e0 qual se juntaram em 1995 Mo\u00e7ambique, uma antiga col\u00f3nia portuguesa, e em 2009 o Ruanda) e da resist\u00eancia do Presidente franc\u00eas Charles de Gaulle. 1975: o primeiro referendoOs brit\u00e2nicos sabiam que a entrada na CEE implicava a perda de alguma soberania. Ap\u00f3s a ades\u00e3o, os euroc\u00e9ticos come\u00e7aram a queixar-se da perda de poder da na\u00e7\u00e3o para o crescente federalismo do bloco. Logo em 1975, ap\u00f3s a reconquista do governo pelos Trabalhistas, aconteceu o primeiro referendo pelo agora conhecido \u201cBrexit\u201d. \u201cShould I Stay os Should I Go\u201d (\u201cDevo ficar ou devo sair\u201d), cantaram os londrinos The Clash, em 1981, mas, seis anos antes, bem podia ter sido esta a banda sonora do primeiros destes referendos sobre o \u201cbrexit\u201d, agora com um novo cap\u00edtulo. Harold Wilson tinha sucedido ao Conservador Edward Heath e a 5 de abril de 1976 cedeu o n.\u00b0 10 de Downing Street ao camarada James Callaghan, o primeiro-ministro at\u00e9 \u00e0 entrada em cena da \u201cDama de Ferro\u201d \u2014 Margaret Thatcher recuperou o governo brit\u00e2nico para os Conservadores a 4 de maio de 1979. Margaret Thatcher at age 28, with her children, Carol and Mark, in 1953 pic.twitter.com/1aHDgXbtcY\u2014 Lost In History (@HistoryToLearn) 23 de junho de 2016 O primeiro referendo pela sa\u00edda ou perman\u00eancia na CEE aconteceu a 5 de junho de 1975. Com uma massiva participa\u00e7\u00e3o nas urnas, dois ter\u00e7os dos eleitores votaram pela perman\u00eancia, em linha com a vontade da j\u00e1 ent\u00e3o l\u00edder da oposi\u00e7\u00e3o Conservadora, a senhora Thatcher. 1984: \u201cDeem-nos de volta o nosso dinheiro\u201dQuase uma d\u00e9cada depois, a meio da \u201cera Thatcher\u201d, o Reino Unido levantou a m\u00e3o e exigiu uma revis\u00e3o do contrato europeu celebrado em 1973. N\u00e3o tendo tido participa\u00e7\u00e3o nos fundamentos da CEE, criada em 1958 com base no Tratado de Roma ratificado um ano antes por Fran\u00e7a, Alemanha Federal (RFA), It\u00e1lia e o trio do \u201cBenelux\u201d, B\u00e9lgica, Luxemburgo e Holanda, Londres reclamou em 1984 das alegadas injusti\u00e7as nomeadamente em termos de pol\u00edtica agr\u00edcola comum, a qual representava 70 por cento do or\u00e7amento europeu e beneficiava \u2014 criticavam os brit\u00e2nicos \u2014 os agricultores ses. \u201cEstamos simplesmente a pedir: deem-nos o nosso dinheiro de volta\u201d, afirmou Thatcher na mesma Cimeira de Fontainebleau em que foi aprovada a ades\u00e3o de Portugal e Espanha \u00e0 CEE. A interven\u00e7\u00e3o da chefe de Governo brit\u00e2nico ter\u00e1 sido alvo de discrimina\u00e7\u00e3o sexual por alguns hom\u00f3logos que fingiram adormecer ou ler jornais enquanto a l\u00edder brit\u00e2nica defendia o reino de Isabel II. Mesmo assim, embora pedisse mais, Thatcher conseguiu um desconto de 66 por cento nas contribui\u00e7\u00f5es l\u00edquidas brit\u00e2nicas, o qual ainda se mant\u00e9m tr\u00eas d\u00e9cadas depois. Foi um triunfo, n\u00e3o total, mas valeu \u201cos tr\u00eas pontos\u201d (g\u00edria futebol\u00edstica) ao Reino Unido. 1986: o Ato \u00danico EuropeuJ\u00e1 com Portugal e Espanha a \u201cbordo\u201d (a Gr\u00e9cia tamb\u00e9m j\u00e1 havia aderido em 1981), os ent\u00e3o \u201c12\u201d do bloco europeu aprovam ao longo de 1986 a cria\u00e7\u00e3o de um mercado interno sem barreiras. Apoiado por Thatcher e implementado em janeiro de 1987, o Ato \u00danico Europeu (AUE) come\u00e7ou a ser debatido no Conselho Europeu de Mil\u00e3o, em 1985, e consubstanciou uma evolu\u00e7\u00e3o dos tratados europeus anteriores. This London bakery is holding a Brexit cupcake referendum https://t.co/e6vEUle8sE pic.twitter.com/sBKTqRnDK9\u2014 The New York Times (@nytimes) 23 de junho de 2016 Al\u00e9m do mercado \u00fanico, que entraria totalmente em vigor em 1992 em contraponto \u00e0s \u201ra\u00e7as\u201d norte-americanas e japonesas e aos emergentes asi\u00e1ticos, o AUE alargou os poderes do bloco europeu, por exemplo, nas pol\u00edticas monet\u00e1ria e social, na coes\u00e3o econ\u00f3mica e social, na investiga\u00e7\u00e3o e desenvolvimento tecnol\u00f3gico e ambiental, e na coopera\u00e7\u00e3o do dom\u00ednio da pol\u00edtica externa. Os brit\u00e2nicos ficaram satisfeitos pelo potencial econ\u00f3mico, mas n\u00e3o tanto pela ced\u00eancia de mais algum poder para Bruxelas. A pr\u00f3pria Thatcher come\u00e7ou a mudar de opini\u00e3o face ao conceito de comunidade europeia. Anos mais tarde, ap\u00f3s deixar o n.\u00b0 10 de Downing street, a ent\u00e3o ex-primeiro-ministro do Reino Unido viria a itir que o AUE tinha sido \u201cum terr\u00edvel erro\u201d. 1988: Thatcher versus Jacques DelorsO Presidente da CEE, no virar da d\u00e9cada de 80 para a de 90 do s\u00e9culo XX, o franc\u00eas Jacques Delors, deu voz a uma emergente uni\u00e3o europeia na qual 80 por cento das pol\u00edticas econ\u00f3micas e sociais seriam decididas a n\u00edvel europeu e n\u00e3o nacional. Thatcher, num Conselho Europeu em Bruges, na B\u00e9lgica, em 1988, criticou a imposi\u00e7\u00e3o e alimentou a ira dos Conservadores, tradicionalmente euroc\u00e9ticos, embora a l\u00edder brit\u00e2nica mantivesse que o destino do \u201creino\u201d mantinha-se na Europa, \u201ccomo parte da Comunidade.\u201d (Free) Opinion: social media has muddied the line between prejudice and facts over Brexit https://t.co/E8Olngz8yR pic.twitter.com/qwXucFCAFt\u2014 Financial Times (@FT) 23 de junho de 2016 As fraturas em torno da liga\u00e7\u00e3o \u00e0 CEE come\u00e7aram, no entanto, a surgir tamb\u00e9m entre os Trabalhistas e o executivo de Thatcher come\u00e7ou a desfazer-se. A l\u00edder do governo viria a cair no final de novembro de 1990, entregando as chaves de Downing Street ao camarada John Major. Em causa estava o arrastar da resposta brit\u00e2nica ao Mecanismo Europeu de Taxas de C\u00e2mbio (MTC). O \u201csim\u201d posterior veio a revelar-se dram\u00e1tico numa \u201cquarta-feira negra\u201d: 16 de setembro de 1992. \u201cUma calamidade pol\u00edtica e econ\u00f3mica\u201d, assumiria John Major. A indexa\u00e7\u00e3o da libra esterlina ao MTC revelou-se desastrosa para a economia brit\u00e2nica. O ministro das Finan\u00e7as, Norman Lamont, foi afastado e viria a tornar-se euroc\u00e9tico. A hostilidade brit\u00e2nica face \u00e0 CEE intensificou-se. 1993: o Tratado de MaastrichtA 1 de novembro foi ratificado na Holanda o tratado que viria a dar origem \u00e0 Uni\u00e3o Europeia (UE), um bloco assente em tr\u00eas pilares: a Comunidade Europeia, a pol\u00edtica externa e seguran\u00e7a comum (PESC) e a coopera\u00e7\u00e3o judicial e dos assuntos internos (JAI). Os cidad\u00e3os dos 12 Estados-membros am ser europeus, ganham total liberdade de movimentos no espa\u00e7o da UE e novos direitos eleitorais. A uni\u00e3o monet\u00e1ria tamb\u00e9m foi posta em andamento. Em referendo, a Dinamarca rejeita o novo tratado, os ses aprovam-no \u00e0 tira, no Reino Unido sobrevive \u00e0 tumultuosa agem pelo Parlamento por entre uma rebeli\u00e3o dos \u201ctories\u201d, os Conservadores. Os brit\u00e2nicos e os dinamarqueses ficam de fora da moeda \u00fanica. Londres negociou ainda outras exce\u00e7\u00f5es relacionadas com sal\u00e1rios, sa\u00fade, seguran\u00e7a e\u2026 Schengen. 1997: Trabalhistas retomam Downing StreetNa primavera de 1997, Tony Blair chegou \u00e0 lideran\u00e7a do governo e com uma atitude aparentemente mais pr\u00f3-europeia que o antecessor. O Trabalhista \u00e9 o primeiro residente oficial do n.\u00b0 10 de Downing Street brit\u00e2nico oriundo da gera\u00e7\u00e3o p\u00f3s-II Guerra Mundial, domina o idioma franc\u00eas e uma das primeiras decis\u00f5es foi o recuo na exce\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica no cap\u00edtulo social europeu. Down Memory Lane\u20262/5/97. Photographers in Downing St wait for Tony Blair after his '97 election victory.#politics pic.twitter.com/Xx9ZPChanH\u2014 Tom Stoddart (@Stoddart_Photos) 2 de abril de 2016 Nas negocia\u00e7\u00f5es com vista ao alargamento da UE, o Reino Unido n\u00e3o levanta grandes obje\u00e7\u00f5es. Era uma nova era de \u201cbeijos e abra\u00e7os\u201d entre Londres e Bruxelas. Blair assumiu um papel proativo na reforma da Pol\u00edtica Comum Agr\u00edcola e at\u00e9 era a favor da ades\u00e3o \u00e0 moeda \u00fanica, mas tem\u00edvel oposi\u00e7\u00e3o da imprensa e da consequente moldada opini\u00e3o p\u00fablica a favor da manuten\u00e7\u00e3o da libra esterlina nas respetivas carteiras mant\u00e9m o Reino Unido fora \u201cdessa\u201d nova uni\u00e3o lan\u00e7ada em 1999 e posta em pr\u00e1tica em 2002. Ap\u00f3s alguns estudos, o Tesouro brit\u00e2nico conclui em 2003 n\u00e3o ser prudente a ades\u00e3o ao euro. Com a crise de 2008 e a liberdade que uma moeda pr\u00f3pria lhe garantia, o Reino Unido p\u00f4de reagir mais r\u00e1pido ao rolar da bola de neve do que os parceiros europeus, \u201resos\u201d a uma moeda comum e obrigados a negociar estrat\u00e9gias econ\u00f3micas em v\u00e1rios idiomas. 2004: Invas\u00e3o do Iraque e o alargamento da UEO mandato de Tony Blair incluiu um epis\u00f3dio controverso dentro da UE: a colabora\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica, ao lado da Espanha e Portugal, com a istra\u00e7\u00e3o de George Bush, na invas\u00e3o do Iraque, ap\u00f3s os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Fran\u00e7a e Alemanha eram contra a iniciativa norte-americana. #Tald\u00edacomohoy se cumplen 10 a\u00f1os de la foto de las Azores,s\u00edmbolo del comienzo de la guerra de Irak.Blair-Bush-Aznar pic.twitter.com/9SdIuk6XMx\u2014 Historia al d\u00eda (@historiapordia) 16 de mar\u00e7o de 2013 O primeiro-ministro brit\u00e2nico foi condescendente com os desejos europeus de alargamento. Em 2004, 10 novos Estados entraram para o bloco econ\u00f3mico europeu. Oito eram antigas rep\u00fablicas comunistas libertadas pelo fim da Guerra Fria no final dos anos 80, no qual Margaret Thatcher havia tido ent\u00e3o um papel importante. Este alargamento \u00e9 uma das \u201edras no sapato\u201d no referendo desta semana. Cresceram os n\u00fameros de \u201cnovos\u201d europeus em busca de melhores condi\u00e7\u00f5es de vida no \u201cglamoroso\u201d reino de Isabel II. Tamb\u00e9m foram muitos os emigrantes brit\u00e2nicos rumo ao continente europeu, mas o n\u00famero em nada se comparava aos imigrantes a entrar no pa\u00eds. O debate foi ganhando for\u00e7a. Em 2006, Nigel Farage, deputado europeu desde 1999 e euroc\u00e9tico, sobe \u00e0 lideran\u00e7a do Partido pela Independ\u00eancia do Reino Unido (UKIP), uma das for\u00e7as motoras do presente referendo pelo \u201cBrexit\u201d. The UK can take the lead and save Europe with a Brexit. These great people were fine between 1707 and 1973 (No EU) pic.twitter.com/qaBma33uBX\u2014 Voice of Europe (@V_of_Europe) 16 de fevereiro de 2016 O partido foi ganhando apoiantes ao longo dos anos, \u201calimentado\u201d por situa\u00e7\u00f5es como a recente crise de migrantes na Europa ou o crescente medo do imprevis\u00edvel terrorismo \u201cjihadista\u201d que pode morar na porta ao lado. Em 2014, o UKIP conseguiu eleger o primeiro deputado para o Parlamento de Westminster. 2009: Tratado de LisboaO projeto de atualiza\u00e7\u00e3o dos tratados da Uni\u00e3o Europeia e da Comunidade Europeia come\u00e7ou a ser trabalhado em 2001. Em 2007, no Conselho Europeu sob a presid\u00eancia portuguesa foi assinado a 13 de dezembro de 2007 o Tratado de Lisboa, implementado a partir de 2009, com o termo \u201cUni\u00e3o\u201d a substituir o de \u201cComunidade\u201d e o bloco a ganhar uma personalidade jur\u00eddica pr\u00f3pria. De in\u00edcio, a Irlanda rejeita este novo tratado, mas num segundo referendo acaba por aprova-lo. O Reino Unido, com o Trabalhista Gordon Brown a \u201cviver\u201d em Downing Street, assegura garantias na Carta dos Direitos Humanos Fundamentais e maior flexibilidade jur\u00eddica e nos assuntos internos. Em 2010, David Cameron assume o governo, no primeiro executivo em coliga\u00e7\u00e3o depois de no ano anterior ter promovido a cria\u00e7\u00e3o de um novo movimento euroc\u00e9tico e antifederalista. O Reino Unido afasta-se das cimeiras da zona euro. New #BenGarrison #cartoon #Brexit #AbandonShip #UK #EU #GreatBritain #LeaveOrRemain https://t.co/2FGmMQ1bBo pic.twitter.com/vDNhHwA9Hy\u2014 GrrrGraphics (@GrrrGraphics) 11 de junho de 2016 Em 2011, no pico do impacto da crise econ\u00f3mica, o bra\u00e7o de ferro entre Londres e Bruxelas reacende-se. Entre a falta de acordo com a alian\u00e7a europeia franco-alem\u00e3 e uma pequena revolta interna dos Conservadores, Cameron bloqueia as propostas europeias de um tratado de regula\u00e7\u00e3o fiscal e deixa o Reino Unido isolado. A sombra de \u201cbrexit\u201d (sa\u00edda do Reino Unido da Uni\u00e3o Europeia) come\u00e7a a ganhar forma. 2013-2016: sair ou ficar, eis a quest\u00e3oEm janeiro de 2013, David Cameron lan\u00e7a a ideia de uma reforma da Uni\u00e3o Europeia com uma renegocia\u00e7\u00e3o da associa\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica ao bloco liderada pelos Conservadores, caso ganhem as pr\u00f3ximas legislativas. Lan\u00e7a tamb\u00e9m o apelo a um referendo pela perman\u00eancia ou sa\u00edda da UE. O que deveria ser uma forma de press\u00e3o sobre Bruxelas tornou-se cavalo de batalha para alguns dentro do \u201creino\u201d. Ingleses, sobretudo. A Esc\u00f3cia responde com um referendo n\u00e3o vinculativo pela independ\u00eancia. O \u201cn\u00e3o\u201d ganha \u00e0 tira. Em 2014, acabam as restri\u00e7\u00f5es laborais para cidad\u00e3os da Bulg\u00e1ria e da Rom\u00e9nia, Estados-membros da UE desde 2007 .O n\u00famero de imigrantes no Reino Unido a de uns estimados 123 mil em 2013 para 178 mil no ano seguinte. Share of European Union in UK trade today vs 1972 (UK entered the EEC on 1 January 1973) pic.twitter.com/Ha37MYvKlv\u2014 Eurofaultlines (@Eurofaultlines) 12 de abril de 2015 Os Conservadores ganham as legislativas de 2015. O projeto do referendo sobre o \u201cbrexit\u201d avan\u00e7a. No in\u00edcio de 2016, a UE consegue um acordo com Londres. O Reino Unido consegue, por exemplo, limites aos benef\u00edcios a conceder as imigrantes e garantias de parceiros europeus de fora da zona euro. A livre circula\u00e7\u00e3o exigida por Bruxelas mant\u00e9m-se. Os Conservadores continuam divididos ap\u00f3s o acordo, mas Cameron j\u00e1 pode avan\u00e7ar com o referendo e marca-o para 23 de junho. Esta quinta-feira. Os brit\u00e2nicos est\u00e3o a votar pela sa\u00edda ou pela perman\u00eancia na Uni\u00e3o Europeia. O resultado \u00e9 conhecido sexta-feira e uma eventual sa\u00edda ter\u00e1 impacto inclusive na s\u00e9rie televisiva \u201cGuera dos Tronos\u201d, filmada em parte na Irlanda do Norte, onde beneficia de fundos europeus. Game of Thrones has a lot at stake in the 'Brexit' vote. Seriously https://t.co/i5fgkSEsLj\u2014 TIME.com (@TIME) 23 de junho de 2016 Brexit: Entenda o que o referendo do dia 23 significa para o futuro da Europa https://t.co/qNvR53vvkQhttps://t.co/pnfrEeW6li\u2014 \u00c9poca (@RevistaEpoca) 22 de junho de 2016", "dateCreated": "2016-06-23T14:33:47+02:00", "dateModified": "2016-06-23T14:33:47+02:00", "datePublished": "2016-06-23T14:33:47+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F334255%2F1440x810_334255.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Era uma vez um arquip\u00e9lago integrando duas na\u00e7\u00f5es, uma delas composta por quatro pa\u00edses. A leste/ sudeste estava um enorme continente. Uma comunidade econ\u00f3mica foi criada. 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#Brexit: Uma história de amor-ódio entre o Reino Unido e a União Europeia

#Brexit: Uma história de amor-ódio entre o Reino Unido e a União Europeia
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De Francisco Marques com Alasdair Sandford
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Era uma vez um arquipélago integrando duas nações, uma delas composta por quatro países. A leste/ sudeste estava um enorme continente. Uma comunidade económica foi criada. Depois parte o arquipélago a

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Tudo começou em 1973. O Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) aderiu à então denominada Comunidade Económica Europeia, a CEE, sigla que o grupo Rock português GNR popularizou nos anos 80 e que ainda hoje perdura… na música.

Ao mesmo tempo que os súbitos de Sua Majestade Isabel II, também os governantes da Dinamarca e os da República da Irlanda (também britânicos, mas externos ao Reino Unido) apertavam as mãos dos líderes da CEE.

1 January 1973: UK s the EEC. Negotiations conducted by Edward Heath #referendum#ThursdayThrowbackpic.twitter.com/okrvO7JzIm

— Ten Human Resources (@tenfenestration) 9 de junho de 2016

A adesão do Reino Unido foi liderada por um governo Conservador após anos de negociações envolvendo Edward Heath, o primeiro-ministro britânico da altura — residiu no n.10 de Downing Street entre 19 de junho de 1970 e 4 de março de 1974.

O reino de Isabel II era à altura uma das nações mais pobres entre as principais economias europeias, ultraado pela França e as emergentes Alemanha e Itália, vítima do declínio comercial na Commowealth (a comunidade intergovernamental resultante das descolonização do Império Britânico e à qual se juntaram em 1995 Moçambique, uma antiga colónia portuguesa, e em 2009 o Ruanda) e da resistência do Presidente francês Charles de Gaulle.

1975: o primeiro referendo

Os britânicos sabiam que a entrada na CEE implicava a perda de alguma soberania. Após a adesão, os eurocéticos começaram a queixar-se da perda de poder da nação para o crescente federalismo do bloco. Logo em 1975, após a reconquista do governo pelos Trabalhistas, aconteceu o primeiro referendo pelo agora conhecido “Brexit”. ---

  • “Should I Stay os Should I Go” (“Devo ficar ou devo sair”), cantaram os londrinos The Clash, em 1981, mas, seis anos antes, bem podia ter sido esta a banda sonora do primeiros destes referendos sobre o “brexit”, agora com um novo capítulo.

Harold Wilson tinha sucedido ao Conservador Edward Heath e a 5 de abril de 1976 cedeu o n.° 10 de Downing Street ao camarada James Callaghan, o primeiro-ministro até à entrada em cena da “Dama de Ferro” — Margaret Thatcher recuperou o governo britânico para os Conservadores a 4 de maio de 1979. > Margaret Thatcher at age 28, with her children, Carol and Mark, in 1953 pic.twitter.com/1aHDgXbtcY

— Lost In History (@HistoryToLearn) 23 de junho de 2016

O primeiro referendo pela saída ou permanência na CEE aconteceu a 5 de junho de 1975. Com uma massiva participação nas urnas, dois terços dos eleitores votaram pela permanência, em linha com a vontade da já então líder da oposição Conservadora, a senhora Thatcher.

1984: “Deem-nos de volta o nosso dinheiro”

Quase uma década depois, a meio da “era Thatcher”, o Reino Unido levantou a mão e exigiu uma revisão do contrato europeu celebrado em 1973. Não tendo tido participação nos fundamentos da CEE, criada em 1958 com base no Tratado de Roma ratificado um ano antes por França, Alemanha Federal (RFA), Itália e o trio do “Benelux”, Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Londres reclamou em 1984 das alegadas injustiças nomeadamente em termos de política agrícola comum, a qual representava 70 por cento do orçamento europeu e beneficiava — criticavam os britânicos — os agricultores ses. “Estamos simplesmente a pedir: deem-nos o nosso dinheiro de volta”, afirmou Thatcher na mesma Cimeira de Fontainebleau em que foi aprovada a adesão de Portugal e Espanha à CEE. A intervenção da chefe de Governo britânico terá sido alvo de discriminação sexual por alguns homólogos que fingiram adormecer ou ler jornais enquanto a líder britânica defendia o reino de Isabel II.

Mesmo assim, embora pedisse mais, Thatcher conseguiu um desconto de 66 por cento nas contribuições líquidas britânicas, o qual ainda se mantém três décadas depois. Foi um triunfo, não total, mas valeu “os três pontos” (gíria futebolística) ao Reino Unido.

1986: o Ato Único Europeu

Já com Portugal e Espanha a “bordo” (a Grécia também já havia aderido em 1981), os então “12” do bloco europeu aprovam ao longo de 1986 a criação de um mercado interno sem barreiras. Apoiado por Thatcher e implementado em janeiro de 1987, o Ato Único Europeu (AUE) começou a ser debatido no Conselho Europeu de Milão, em 1985, e consubstanciou uma evolução dos tratados europeus anteriores. > This London bakery is holding a Brexit cupcake referendum https://t.co/e6vEUle8sEpic.twitter.com/sBKTqRnDK9

— The New York Times (@nytimes) 23 de junho de 2016

Além do mercado único, que entraria totalmente em vigor em 1992 em contraponto às “praças” norte-americanas e japonesas e aos emergentes asiáticos, o AUE alargou os poderes do bloco europeu, por exemplo, nas políticas monetária e social, na coesão económica e social, na investigação e desenvolvimento tecnológico e ambiental, e na cooperação do domínio da política externa. Os britânicos ficaram satisfeitos pelo potencial económico, mas não tanto pela cedência de mais algum poder para Bruxelas.

A própria Thatcher começou a mudar de opinião face ao conceito de comunidade europeia. Anos mais tarde, após deixar o n.° 10 de Downing street, a então ex-primeiro-ministro do Reino Unido viria a itir que o AUE tinha sido “um terrível erro”.

1988: Thatcher versus Jacques Delors

O Presidente da CEE, no virar da década de 80 para a de 90 do século XX, o francês Jacques Delors, deu voz a uma emergente união europeia na qual 80 por cento das políticas económicas e sociais seriam decididas a nível europeu e não nacional. Thatcher, num Conselho Europeu em Bruges, na Bélgica, em 1988, criticou a imposição e alimentou a ira dos Conservadores, tradicionalmente eurocéticos, embora a líder britânica mantivesse que o destino do “reino” mantinha-se na Europa, “como parte da Comunidade.” > (Free) Opinion: social media has muddied the line between prejudice and facts over Brexit https://t.co/E8Olngz8yRpic.twitter.com/qwXucFCAFt

— Financial Times (@FT) 23 de junho de 2016

As fraturas em torno da ligação à CEE começaram, no entanto, a surgir também entre os Trabalhistas e o executivo de Thatcher começou a desfazer-se. A líder do governo viria a cair no final de novembro de 1990, entregando as chaves de Downing Street ao camarada John Major. Em causa estava o arrastar da resposta britânica ao Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC).

O “sim” posterior veio a revelar-se dramático numa “quarta-feira negra”: 16 de setembro de 1992. “Uma calamidade política e económica”, assumiria John Major. A indexação da libra esterlina ao MTC revelou-se desastrosa para a economia britânica. O ministro das Finanças, Norman Lamont, foi afastado e viria a tornar-se eurocético. A hostilidade britânica face à CEE intensificou-se.

1993: o Tratado de Maastricht

A 1 de novembro foi ratificado na Holanda o tratado que viria a dar origem à União Europeia (UE), um bloco assente em três pilares: a Comunidade Europeia, a política externa e segurança comum (PESC) e a cooperação judicial e dos assuntos internos (JAI). Os cidadãos dos 12 Estados-membros am ser europeus, ganham total liberdade de movimentos no espaço da UE e novos direitos eleitorais. A união monetária também foi posta em andamento. Em referendo, a Dinamarca rejeita o novo tratado, os ses aprovam-no à tira, no Reino Unido sobrevive à tumultuosa agem pelo Parlamento por entre uma rebelião dos “tories”, os Conservadores. Os britânicos e os dinamarqueses ficam de fora da moeda única. Londres negociou ainda outras exceções relacionadas com salários, saúde, segurança e… Schengen.

1997: Trabalhistas retomam Downing Street

Na primavera de 1997, Tony Blair chegou à liderança do governo e com uma atitude aparentemente mais pró-europeia que o antecessor. O Trabalhista é o primeiro residente oficial do n.° 10 de Downing Street britânico oriundo da geração pós-II Guerra Mundial, domina o idioma francês e uma das primeiras decisões foi o recuo na exceção britânica no capítulo social europeu. > Down Memory Lane…2/5/97. Photographers in Downing St wait for Tony Blair after his '97 election victory.#politicspic.twitter.com/Xx9ZPChanH

— Tom Stoddart (@Stoddart_Photos) 2 de abril de 2016

Nas negociações com vista ao alargamento da UE, o Reino Unido não levanta grandes objeções. Era uma nova era de “beijos e abraços” entre Londres e Bruxelas. Blair assumiu um papel proativo na reforma da Política Comum Agrícola e até era a favor da adesão à moeda única, mas temível oposição da imprensa e da consequente moldada opinião pública a favor da manutenção da libra esterlina nas respetivas carteiras mantém o Reino Unido fora “dessa” nova união lançada em 1999 e posta em prática em 2002.

Após alguns estudos, o Tesouro britânico conclui em 2003 não ser prudente a adesão ao euro. Com a crise de 2008 e a liberdade que uma moeda própria lhe garantia, o Reino Unido pôde reagir mais rápido ao rolar da bola de neve do que os parceiros europeus, “presos” a uma moeda comum e obrigados a negociar estratégias económicas em vários idiomas.

2004: Invasão do Iraque e o alargamento da UE

O mandato de Tony Blair incluiu um episódio controverso dentro da UE: a colaboração britânica, ao lado da Espanha e Portugal, com a istração de George Bush, na invasão do Iraque, após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. França e Alemanha eram contra a iniciativa norte-americana. > #Taldíacomohoy se cumplen 10 años de la foto de las Azores,símbolo del comienzo de la guerra de Irak.Blair-Bush-Aznar pic.twitter.com/9SdIuk6XMx

— Historia al día (@historiapordia) 16 de março de 2013

O primeiro-ministro britânico foi condescendente com os desejos europeus de alargamento. Em 2004, 10 novos Estados entraram para o bloco económico europeu. Oito eram antigas repúblicas comunistas libertadas pelo fim da Guerra Fria no final dos anos 80, no qual Margaret Thatcher havia tido então um papel importante. Este alargamento é uma das “pedras no sapato” no referendo desta semana.

Cresceram os números de “novos” europeus em busca de melhores condições de vida no “glamoroso” reino de Isabel II. Também foram muitos os emigrantes britânicos rumo ao continente europeu, mas o número em nada se comparava aos imigrantes a entrar no país. O debate foi ganhando força.

Em 2006, Nigel Farage, deputado europeu desde 1999 e eurocético, sobe à liderança do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP), uma das forças motoras do presente referendo pelo “Brexit”.

The UK can take the lead and save Europe with a Brexit. These great people were fine between 1707 and 1973 (No EU) pic.twitter.com/qaBma33uBX

— Voice of Europe (@V_of_Europe) 16 de fevereiro de 2016

O partido foi ganhando apoiantes ao longo dos anos, “alimentado” por situações como a recente crise de migrantes na Europa ou o crescente medo do imprevisível terrorismo “jihadista” que pode morar na porta ao lado. Em 2014, o UKIP conseguiu eleger o primeiro deputado para o Parlamento de Westminster.

2009: Tratado de Lisboa

O projeto de atualização dos tratados da União Europeia e da Comunidade Europeia começou a ser trabalhado em 2001. Em 2007, no Conselho Europeu sob a presidência portuguesa foi assinado a 13 de dezembro de 2007 o Tratado de Lisboa, implementado a partir de 2009, com o termo “União” a substituir o de “Comunidade” e o bloco a ganhar uma personalidade jurídica própria. De início, a Irlanda rejeita este novo tratado, mas num segundo referendo acaba por aprova-lo. O Reino Unido, com o Trabalhista Gordon Brown a “viver” em Downing Street, assegura garantias na Carta dos Direitos Humanos Fundamentais e maior flexibilidade jurídica e nos assuntos internos.

Em 2010, David Cameron assume o governo, no primeiro executivo em coligação depois de no ano anterior ter promovido a criação de um novo movimento eurocético e antifederalista. O Reino Unido afasta-se das cimeiras da zona euro.

New #BenGarrison#cartoon#Brexit#AbandonShip#UK#EU#GreatBritain#LeaveOrRemainhttps://t.co/2FGmMQ1bBopic.twitter.com/vDNhHwA9Hy

— GrrrGraphics (@GrrrGraphics) 11 de junho de 2016

Em 2011, no pico do impacto da crise económica, o braço de ferro entre Londres e Bruxelas reacende-se. Entre a falta de acordo com a aliança europeia franco-alemã e uma pequena revolta interna dos Conservadores, Cameron bloqueia as propostas europeias de um tratado de regulação fiscal e deixa o Reino Unido isolado. A sombra de “brexit” (saída do Reino Unido da União Europeia) começa a ganhar forma.

2013-2016: sair ou ficar, eis a questão

Em janeiro de 2013, David Cameron lança a ideia de uma reforma da União Europeia com uma renegociação da associação britânica ao bloco liderada pelos Conservadores, caso ganhem as próximas legislativas. Lança também o apelo a um referendo pela permanência ou saída da UE. O que deveria ser uma forma de pressão sobre Bruxelas tornou-se cavalo de batalha para alguns dentro do “reino”. Ingleses, sobretudo. A Escócia responde com um referendo não vinculativo pela independência. O “não” ganha à tira. Em 2014, acabam as restrições laborais para cidadãos da Bulgária e da Roménia, Estados-membros da UE desde 2007 .O número de imigrantes no Reino Unido a de uns estimados 123 mil em 2013 para 178 mil no ano seguinte.

Share of European Union in UK trade today vs 1972 (UK entered the EEC on 1 January 1973) pic.twitter.com/Ha37MYvKlv

— Eurofaultlines (@Eurofaultlines) 12 de abril de 2015

Os Conservadores ganham as legislativas de 2015. O projeto do referendo sobre o “brexit” avança. No início de 2016, a UE consegue um acordo com Londres. O Reino Unido consegue, por exemplo, limites aos benefícios a conceder as imigrantes e garantias de parceiros europeus de fora da zona euro. A livre circulação exigida por Bruxelas mantém-se. Os Conservadores continuam divididos após o acordo, mas Cameron já pode avançar com o referendo e marca-o para 23 de junho. Esta quinta-feira.

Os britânicos estão a votar pela saída ou pela permanência na União Europeia. O resultado é conhecido sexta-feira e uma eventual saída terá impacto inclusive na série televisiva “Guera dos Tronos”, filmada em parte na Irlanda do Norte, onde beneficia de fundos europeus.

Game of Thrones has a lot at stake in the 'Brexit' vote. Seriously https://t.co/i5fgkSEsLj

— TIME.com (@TIME) 23 de junho de 2016

Brexit: Entenda o que o referendo do dia 23 significa para o futuro da Europa https://t.co/qNvR53vvkQhttps://t.co/pnfrEeW6li

— Época (@RevistaEpoca) 22 de junho de 2016

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