{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2015/05/19/aleksandar-vucic-estamos-no-caminho-da-uniao-europeia-mas-gostariamos-de-ter" }, "headline": "Aleksandar Vucic: \u0022Estamos no caminho da Uni\u00e3o Europeia mas gostar\u00edamos de ter bom relacionamento com a R\u00fassia\u0022", "description": "Aleksandar Vucic, o primeiro-ministro da S\u00e9rvia, prepara-se para liderar o pa\u00eds rumo \u00e0 ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia. Despreocupado com o que possam", "articleBody": "Aleksandar Vucic, o primeiro-ministro da S\u00e9rvia, prepara-se para liderar o pa\u00eds rumo \u00e0 ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia. Despreocupado com o que possam pensar, o governante afirma n\u00e3o ter medo de assumir medidas poucos populares, desde que isso permita ao pa\u00eds sair da crise financeira em que se encontra. Quase uma d\u00e9cada depois da independ\u00eancia, o pa\u00eds continua a tentar resolver os problemas do ado. A quest\u00e3o da independ\u00eancia unilateral da prov\u00edncia do Kosovo continua a causar tens\u00e3o. Isabelle Kumar foi a Belgrado, capital da S\u00e9rvia, discutir estas e outras quest\u00f5es com o primeiro-ministro Aleksandar Vucic. Isabelle Kumar, euronews: Colocou como objetivo a ades\u00e3o. Acredita que a ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia ser\u00e1 quando? Aleksandar Vucic: N\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o de tempo mas de conte\u00fado e estamos a fazer o melhor poss\u00edvel para permanecer, firmemente, no caminho da Uni\u00e3o Europeia, para cumprir todas as nossas obriga\u00e7\u00f5es e aceitarmos os valores europeus, no nosso pa\u00eds. Isabelle Kumar, euronews: Tem havido alguma fadiga sobre o alargamento da Uni\u00e3o ao n\u00edvel da Comiss\u00e3o Europeia mas, ao mesmo tempo, o senhor parece cansado com o processo e disse que n\u00e3o se sente respeitado pela Uni\u00e3o Europeia. Porqu\u00ea? Aleksandar Vucic: Porque sou muito honesto e sincero e n\u00e3o escondo nada na frente de ningu\u00e9m. H\u00e1 v\u00e1rios pol\u00edticos da regi\u00e3o e da Europa de Leste ou do Sul que bajularam, sempre, os funcion\u00e1rios da Uni\u00e3o Europeia dizendo, sempre, coisas boas. Eu s\u00f3 digo o que penso. Isabelle Kumar, euronews: O que \u00e9 que o est\u00e1 a aborrecer? Aleksandar Vucic: Falou em fadiga em rela\u00e7\u00e3o ao alargamento\u2026 Existe tamb\u00e9m, algum cansa\u00e7o paciente, neste pa\u00eds. Sim, fizemos muitos esfor\u00e7os, vamos iniciar muitos empreendimentos. Investimos n\u00e3o apenas o nosso tempo, a nossa energia, a nossa for\u00e7a pol\u00edtica\u2026 Inici\u00e1mos as mais duras e mais severas reformas econ\u00f3micas na S\u00e9rvia. Regist\u00e1mos progressos no di\u00e1logo com os albaneses do Kosovo e apercebemo-nos que n\u00e3o estamos a ser respeitados, que isso n\u00e3o devia ser esperado mas pens\u00e1mos que isso seria o normal.\u201d Isabelle Kumar, euronews: Sobre a normaliza\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es com o Kosovo, pois esse \u00e9 um dos maiores problemas\u2026 As rela\u00e7\u00f5es parecem tudo menos normais\u2026 Isso vai tornar-se num obst\u00e1culo intranspon\u00edvel para o seu governo? Aleksandar Vucic: Creio que alcan\u00e7\u00e1mos muita coisa, embora n\u00e3o fosse uma quest\u00e3o f\u00e1cil para n\u00f3s. Era assunto muito dif\u00edcil mas continu\u00e1mos com o di\u00e1logo com os albaneses do Kosovo. Conseguimos finalizar, h\u00e1 muito pouco tempo, o acordo sobre a justi\u00e7a e o sistema judicial. Assin\u00e1mos um plano de implementa\u00e7\u00e3o, resolvemos um problema de prote\u00e7\u00e3o civil, resolvemos um problema de or\u00e7amentos municipais em quatro munic\u00edpios do norte \u2013 munic\u00edpios s\u00e9rvios \u2013 no norte do Kosovo. Estamos, ainda, em negocia\u00e7\u00f5es sobre as quest\u00f5es da energia e telecomunica\u00e7\u00f5es. Isabelle Kumar, euronews: Um relat\u00f3rio, recente, da Comiss\u00e3o Europeia sobre a S\u00e9rvia destacou, e o a citar: \u201c\u00c9 importante que o di\u00e1logo ao mais alto n\u00edvel recomece\u201d. Podemos presumir que esse di\u00e1logo, ao mais alto n\u00edvel, n\u00e3o existe pois, recentemente, era suposto que o antigo primeiro-ministro do Kosovo, agora ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros, Hashim Thaci, assistisse a uma reuni\u00e3o na S\u00e9rvia sobre a reconcilia\u00e7\u00e3o regional e foi impedido pois descobriu que podia ser preso. N\u00e3o h\u00e1 di\u00e1logo ao mais alto n\u00edvel sen\u00e3o ele teria ido\u2026 Aleksandar Vucic: H\u00e1 di\u00e1logo ao mais alto n\u00edvel todos os meses, duas vezes ou tr\u00eas vezes por m\u00eas. Mas ele sabia que isso iria acontecer, porque tem o veredicto desde de 1999. N\u00e3o era nada novo para ele. \u00c9 uma esp\u00e9cie de jogo pol\u00edtico e ningu\u00e9m se surpreendeu. N\u00f3s falamos uns com os outros. Encontrei-me com ele, creio que umas 32 vezes. Isabelle Kumar, euronews: Foi uma provoca\u00e7\u00e3o? Aleksandar Vucic: Sabe, quando voc\u00ea fala comigo, eu utilizo um estilo diferente. Eu n\u00e3o critico os outros da regi\u00e3o, nem mesmo se precisar de lhes responder. Tento evitar isso\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Ele disse que era uma falta de vontade pol\u00edtica da sua parte\u2026 Aleksandar Vucic: Falta de vontade pol\u00edtica? Mas gostaria que v\u00edssemos que o governo estaria em condi\u00e7\u00f5es de abolir veredictos? N\u00e3o acredito que seja uma esp\u00e9cie de valor democr\u00e1tico do qual nos possamos regozijar. \u00c9 algo que todo o mundo criticaria e isso n\u00e3o era um facto. Ele sabe que eu estava disposto a encontrar-me com ele quando e onde ele quisesse. Isabelle Kumar, euronews: Mas n\u00e3o aqui? Aleksandar Vucic: Claro que n\u00e3o aqui pois existe aquele mandado e ele sabe disso desde o in\u00edcio. Foi uma esp\u00e9cie de quest\u00e3o pol\u00edtica para ele. Isabelle Kumar, euronews: Politicamente, a quest\u00e3o do Kosovo \u00e9 muito complicada mas penso que para os s\u00e9rvios seja, tamb\u00e9m, uma quest\u00e3o muito emotiva e isso foi bem evidenciado em outubro, do ano ado, durante o jogo de qualifica\u00e7\u00e3o para o Euro 2016 entre a S\u00e9rvia e a Alb\u00e2nia\u2026 Uma pessoa do p\u00fablico lan\u00e7ou um drone com a bandeira, albanesa\u2026 Aleksandar Vucic: Foi uma terr\u00edvel provoca\u00e7\u00e3o, que fizeram connosco. Fizeram-no, nessa altura, de prop\u00f3sito mas creio que reagimos muito bem. Protegemos tanto os jogadores como os adeptos albaneses e ningu\u00e9m se feriu\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Isso mostra que \u00e9 uma quest\u00e3o muito emocional para os s\u00e9rvios. Pode\u2026 Aleksandar Vucic: Isso mostra que algu\u00e9m nos quis provocar mas mostra, tamb\u00e9m, que est\u00e1vamos muito calmos, n\u00e3o fomos agressivos e depois disso, depois de 70 anos, Edi Rama veio, pela primeira vez, a Belgrado e recebi-o e encontrei-o, uma segunda vez, aqui em Belgrado\u2026 Dentro de 10 ou 15 dias vou a Tirana e essa ser\u00e1 a a primeira visita de um primeiro-ministro da S\u00e9rvia, depois de oitenta anos, ou algo assim. Isabelle Kumar, euronews: Os s\u00e9rvios apoiam o desanuviamento com o Kosovo? Aleksandar Vucic: N\u00e3o posso dizer isso mas, para ser honesto, o meu trabalho \u00e9 cuidar dos interesses deste pa\u00eds e fazer algo para o bem do nosso povo e n\u00e3o importa se isso se enquadra na maneira de pensar de todos, neste pa\u00eds, ou se todos os outros iriam concordar ou n\u00e3o com alguma coisa. Estamos encarregados de lidar e entregar resultados reais ao pa\u00eds e queremos ter uma regi\u00e3o calma e est\u00e1vel. Precisamos disso. Isabelle Kumar, euronews: Aproxima-se o 20\u00ba anivers\u00e1rio do Acordo de Paz de Daytone e, tamb\u00e9m, do massacre de Srebrenica. Quando \u00e9 que ser\u00e1 ser\u00e1 poss\u00edvel a regi\u00e3o colocar o ado para tr\u00e1s das costas e conseguir alguma esp\u00e9cie de conclus\u00e3o? Aleksandar Vucic: Posso dizer que esse \u00e9 o primeiro pilar da pol\u00edtica do governo s\u00e9rvio, que \u00e9 a estabilidade pol\u00edtica e regional e investimos muito nisso. Em primeiro lugar, pela primeira vez em 70 anos, o relacionamento com a Alb\u00e2nia n\u00e3o \u00e9 muito mau. Convers\u00e1mos v\u00e1rias vezes n\u00e3o s\u00f3 em Bruxelas mas, tamb\u00e9m, aqui em Belgrado. Agora vamos continuar com o nosso di\u00e1logo em Tirana. Fazemos o nosso melhor para apoiar a integridade territorial e a soberania da B\u00f3snia Herzegovina. A Rep\u00fablica S\u00e9rvia \u00e9 uma entidade da B\u00f3snia Herzegovina e consideramos ser fundamental para a estabilidade da regi\u00e3o estabelecer o di\u00e1logo com a B\u00f3snia. Temos um bom relacionamento com os montenegrinos, o melhor desde que se separou da S\u00e9rvia. Temos boas rela\u00e7\u00f5es com a Maced\u00f3nia, com a Hungria, a Bulg\u00e1ria e a Rom\u00e9nia e cri\u00e1mos o grupo de Krayova. A S\u00e9rvia nunca teve um relacionamento melhor com os vizinhos. Isabelle Kumar, euronews: Mas essa tens\u00e3o \u00e9tnica continua fervilhar e a explodir. Recentemente\u2026 Aleksandar Vucic: Claro! \u00c9 por isso que estou a enfatizar isso. N\u00e3o se pode matar as emo\u00e7\u00f5es das pessoas mas temos de fazer alguma coisa contra isso. Isabelle Kumar, euronews: Estes anivers\u00e1rios que mencionei, os 20s\u00b0 anivers\u00e1rios do Acordo de Paz de Dayton e de Srebrenica. Aleksandar Vucic: E o 20\u00b0 anivers\u00e1rio da \u201cOpera\u00e7\u00e3o Tempestade\u201d, quando centenas de milhares de s\u00e9rvios foram expulsos da Cro\u00e1cia \u00e9, tamb\u00e9m, este ano. Isabelle Kumar, euronews: Foi ministro da Informa\u00e7\u00e3o de Slobodan Milosevic. Quando olha para essa \u00e9poca fica desconfort\u00e1vel? Sente alguma vergonha do seu papel, nesse per\u00edodo da hist\u00f3ria? Aleksandar Vucic: Sobre ser ministro da informa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito f\u00e1cil responder. Sinto-me desconfort\u00e1vel com uma lei de informa\u00e7\u00e3o que propus nessa altura. Senti-me muito desconfort\u00e1vel mas fui muito sincero com o meu povo. Era uma lei de informa\u00e7\u00e3o muito est\u00fapida e confessei isso ao meu povo. Disse isso milhares de vezes. Isabelle Kumar, euronews: Reprimir os \u201cmedia\u201d estrangeiros\u2026 Aleksandar Vucic: De certo modo permitiu isso. N\u00e3o foi para esse fim e n\u00e3o foi deliberado mas, de qualquer maneira, levou-nos a tais consequ\u00eancias e \u00e9 por isso que eu o disse, abertamente e publicamente. N\u00e3o o escondi. Isabelle Kumar, euronews: E quanto ao tempo\u2026 Aleksandar Vucic: Mas n\u00e3o tive nada em comum com as guerras, Isabelle Kumar, euronews: E em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s suas declara\u00e7\u00f5es, na \u00e9poca, no parlamento? H\u00e1 um v\u00eddeo consigo a incitar a comunidade internacional, onde advertiu que por cada s\u00e9rvio assassinado, cem mu\u00e7ulmanos seriam mortos\u2026 Aleksandar Vucic: Foi retirado do contexto. Claro que tenho algumas declara\u00e7\u00f5es est\u00fapidas mas aquela foi, absolutamente, retirada do contexto. Isabelle Kumar, euronews: N\u00e3o disse aquilo? Aleksandar Vucic: N\u00e3o daquela maneira, n\u00e3o naquele contexto. N\u00e3o estava a esconder tudo\u2026 Estava ali a dizer muitas coisas est\u00fapidas. Isabelle Kumar, euronews: Existe, agora, suspei\u00e7\u00e3o por causa do seu papel como ministro da Informa\u00e7\u00e3o e recebemos esta pergunta de Aleksandar Kokotovi\u0107 que diz: como \u00e9 que compara a atual situa\u00e7\u00e3o da liberdade de imprensa, dos \u201cmedia\u201d, com a \u00e9poca em que era ministro da Informa\u00e7\u00e3o, pois existe uma preocupa\u00e7\u00e3o sobre a liberdade de express\u00e3o. Aleksandar Vucic: Creio que \u00e9 muito f\u00e1cil dizer algo contra mim mas posso dizer que h\u00e1 total liberdade de imprensa, no pa\u00eds. Claro que se pode, sempre, melhorar e farei o meu melhor para assegurar isso. Podem criticar-me, da maneira que quiseres, em todos os \u201cmedias\u201d e n\u00e3o h\u00e1 qualquer problema. Isabelle Kumar, euronews: Ent\u00e3o, por que \u00e9 que num relat\u00f3rio, recente, da Uni\u00e3o Europeia sobre o progresso existem preocupa\u00e7\u00f5es, e o a citar \u201csobre a deteriora\u00e7\u00e3o das condi\u00e7\u00f5es para o pleno exerc\u00edcio da liberdade de express\u00e3o\u201d e porque \u00e9 que a S\u00e9rvia caiu 13 pontos no \u00edndice mundial sobre a liberdade de imprensa? Aleksandar Vucic: Digam o que disserem, n\u00f3s concili\u00e1mos tr\u00eas leis diferentes, tr\u00eas leis sobre os \u201cmedia\u201d, com a Comiss\u00e3o Europeia que aram no Parlamento\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Mas na realidade fazer ar leis \u00e9 uma coisa mas a realidade no terreno \u00e9 outra. Os \u201cmedia\u201d s\u00e3o livres? Aleksandar Vucic: \u00c9 isso o que eu penso mas \u00e9 claro que muitas pessoas v\u00e3o discordar comigo. Estou sempre pronto para ouvir todas as observa\u00e7\u00f5es deles e, se poss\u00edvel, para estabelecer melhores condi\u00e7\u00f5es para eles. N\u00e3o tenho medo disso. Isabelle Kumar, euronews: Ent\u00e3o por que \u00e9 que acusou, algumas vezes, os \u201cmedia\u201d de serem mentirosos? Aleksandar Vucic: N\u00e3o. Eu digo para algu\u00e9m, quando algu\u00e9m me diz alguma coisa que n\u00e3o \u00e9 verdade, eu apenas respondo. Creio que isso \u00e9 Democracia. Tenho o direito de dizer o que penso ou ser\u00e1 que isso \u00e9 proibido? Creio que n\u00e3o\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Outra parte integrante do processo de ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia \u00e9, obviamente, alinhar a pol\u00edtica externa s\u00e9rvia com a da Uni\u00e3o. Houve uma grande preocupa\u00e7\u00e3o na UE sobre as san\u00e7\u00f5es impostas \u00e0 R\u00fassia por causa da Ucr\u00e2nia. A S\u00e9rvia escolheu n\u00e3o fazer isso. Gostaria de trazer a quest\u00e3o de Ahmed Alfin que pergunta se a S\u00e9rvia deve harmonizar a sua pol\u00edtica externa para ser igual \u00e0 da Uni\u00e3o e, gostaria de acrescentar, ficariam na situa\u00e7\u00e3o de terem de seguir as diretrizes europeias nestas situa\u00e7\u00f5es e isso seria desconfort\u00e1vel para a S\u00e9rvia? Aleksandar Vucic: A S\u00e9rvia est\u00e1 a fazer isso. Ainda n\u00e3o somos membros da Uni\u00e3o Europeia e temos de salvaguardar os nossos interesses. N\u00f3s apoiamos a integridade territorial da Ucr\u00e2nia. Penso que agimos com muita responsabilidade. Falei com Petro Poroshenko. Eles apoiam, tamb\u00e9m, a nossa integridade territorial\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Mas em rela\u00e7\u00e3o a esta quest\u00e3o das san\u00e7\u00f5es, quanto mais avan\u00e7a, mais\u2026 Aleksandar Vucic: N\u00f3s precisamos de salvaguardar a nossa sobreviv\u00eancia econ\u00f3mica e, vamos dizer que a Holanda imp\u00f4s san\u00e7\u00f5es \u00e0 R\u00fassia, eles v\u00e3o receber bili\u00f5es de apoios da Uni\u00e3o europeia. V\u00e3o apoiar-nos com mil milh\u00f5es para os nossos produtos agr\u00edcolas? N\u00e3o, n\u00e3o creio. Isso significa que temos de pensar nos nossos camponeses, nos nossos agricultores e no nosso or\u00e7amento do Estado. Isabelle Kumar, euronews: Mas pode ter de escolher entre a Uni\u00e3o Europeia e a R\u00fassia. A sua amizade com Vladimir Putin pode ser o pre\u00e7o a pagar? Aleksandar Vucic: Est\u00e1 a falar de que tipo de pre\u00e7o? Pois n\u00e3o \u00e9 uma esp\u00e9cie de posi\u00e7\u00e3o de equil\u00edbrio. Estamos no nosso caminho para a Uni\u00e3o Europeia, que \u00e9 o nosso objetivo estrat\u00e9gico, mas sim por outro lado, gostar\u00edamos de preservar boas rela\u00e7\u00f5es com a R\u00fassia. N\u00e3o se trata de um relacionamento pessoal ou algo parecido. Isabelle Kumar, euronews: Acredita que as duas coisas s\u00e3o poss\u00edveis e que pode, nesta situa\u00e7\u00e3o, manter um p\u00e9 em cada campo? Aleksandar Vucic: N\u00e3o se trata de manter um p\u00e9 em cada campo. Estamos no nosso objetivo estrat\u00e9gico que \u00e9 o caminho da Uni\u00e3o Europeia, mas sim, gostar\u00edamos de ter bom relacionamento com a R\u00fassia. Eu disse isso, publicamente, sobre o nosso caminho da Uni\u00e3o \u00e0 frente de Putin, muito abertamente assim como disse, tamb\u00e9m, \u00e0 frente de Angela Merkel que gostaria de preservar boas rela\u00e7\u00f5es com Putin. Essa \u00e9 a nossa pol\u00edtica. Isabelle Kumar, euronews: Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 economia, a S\u00e9rvia tem vindo a sofrer com a crise econ\u00f3mica desde 2009. O seu governo imp\u00f4s duras medidas de austeridade. Temos visto, se olharmos para a situa\u00e7\u00e3o na Europa, que a austeridade n\u00e3o tem funcionado de forma t\u00e3o eficaz como seria de esperar. A crise econ\u00f3mica persiste. Por que \u00e9 que est\u00e1 t\u00e3o confiante de que as medidas de austeridade v\u00e3o funcionar na S\u00e9rvia? Aleksandar Vucic: Vejo os primeiros resultados e vejo que o FMI mudou a sua previs\u00e3o sobre a nossa taxa de crescimento. Foi, no in\u00edcio, menos um, em seguida, menos zero v\u00edrgula cinco e agora \u00e9 zero. Estou certo de que vai ser\u2026 Vai sair da recess\u00e3o ainda este ano e quando se faz isso num ano com medidas de consolida\u00e7\u00e3o fiscal, \u00e9 uma esp\u00e9cie de pequeno milagre e tenho a certeza que vamos consegui-lo. Isabelle Kumar, euronews: Todos os pa\u00edses, na mesma situa\u00e7\u00e3o do seu, precisam do apoio da popula\u00e7\u00e3o e h\u00e1 preocupa\u00e7\u00f5es em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 \u201cfuga de c\u00e9rebros\u201d, em que os mais brilhantes est\u00e3o a sair da S\u00e9rvia. Adrijana pergunta o que est\u00e1 a fazer para evitar que estas pessoas abandonem a S\u00e9rvia. Aleksandar Vucic: Estamos a fazer o melhor poss\u00edvel. \u00c9 um caso da S\u00e9rvia, mas n\u00e3o s\u00f3. Est\u00e1 a acontecer o mesmo na Rom\u00e9nia, Bulg\u00e1ria, Pol\u00f3nia e em todos os pa\u00edses do sudeste da Europa. A melhor maneira de combater isso \u00e9 garantir um melhor ambiente de neg\u00f3cios no pa\u00eds de modo a alterar as perspetivas econ\u00f3micas, a dar esse tipo de esperan\u00e7a \u00e0 nossa popula\u00e7\u00e3o e \u00e9 isso que estamos a fazer. Espero que dentro de dois, tr\u00eas, quatro ou cinco anos, muitas dessas pessoas voltem do estrangeiro, porque ter\u00e3o aqui as mesmas condi\u00e7\u00f5es que encontram em pa\u00edses da Europa Ocidental. Isabelle Kumar, euronews: Parece muito cansado. D\u00e1 a parecer que o trabalho de lideran\u00e7a \u00e9 exaustivo. \u00c9 exaustivo? Aleksandar Vucic: N\u00e3o. N\u00e3o quero parecer muito cansado. Pensei que estava sempre pronto para lutar pelas minhas ideias e talvez eu seja um pouco mais lento do que voc\u00ea esperava, mas estou sempre cheio de energia pronto para lutar por um futuro melhor para o povo da S\u00e9rvia e n\u00e3o tenho problemas com isso. Isabelle Kumar, euronews: Como mencion\u00e1mos, come\u00e7ou sob Slobodan Milosevic, agora tem levar o seu pa\u00eds por um caminho diferente. O que faz um bom l\u00edder, na sua opini\u00e3o? Aleksandar Vucic: Como Margaret Thatcher costumava dizer: nem sempre as decis\u00f5es mais populares s\u00e3o as melhores decis\u00f5es e estas medidas de austeridade que come\u00e7\u00e1mos a implementar em obras e reformas econ\u00f3micas duras. Nem todas as medidas foram bem acolhidas pelos s\u00e9rvios. Depois de tudo tenho a certeza de que a popula\u00e7\u00e3o vai perceber que estas medidas foram as melhores que poder\u00edamos tomar. Se falar sobre a estabilidade regional, a reconcilia\u00e7\u00e3o, as pessoas realmente n\u00e3o querem ouvir falar sobre isso, mas eu n\u00e3o me importo. Vou continuar, porque acredito que esta \u00e9 a melhor pol\u00edtica e \u00e9 a \u00fanica que vai trazer resultados reais. Um futuro melhor e uma vida melhor para o povo s\u00e9rvio. Isabelle Kumar, euronews: Finalmente, Stephen pergunta se est\u00e1 orgulhoso dos seus feitos. Aleksandar Vucic: Estou sempre a fazer o melhor que sei e a criticar-me. A autocr\u00edtica \u00e9 algo com que vivo. Dou o meu melhor para fazer algo que seja importante para o pa\u00eds e h\u00e1 outras pessoas que poderiam avaliar isso e que poderiam fazer uma estimativa real disso, n\u00e3o eu.", "dateCreated": "2015-05-19T12:13:38+02:00", "dateModified": "2015-05-19T12:13:38+02:00", "datePublished": "2015-05-19T12:13:38+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F306254%2F1440x810_306254.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Aleksandar Vucic, o primeiro-ministro da S\u00e9rvia, prepara-se para liderar o pa\u00eds rumo \u00e0 ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia. 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Aleksandar Vucic: "Estamos no caminho da União Europeia mas gostaríamos de ter bom relacionamento com a Rússia"

Aleksandar Vucic: "Estamos no caminho da União Europeia mas gostaríamos de ter bom relacionamento com a Rússia"
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Aleksandar Vucic, o primeiro-ministro da Sérvia, prepara-se para liderar o país rumo à adesão à União Europeia. Despreocupado com o que possam

Aleksandar Vucic, o primeiro-ministro da Sérvia, prepara-se para liderar o país rumo à adesão à União Europeia. Despreocupado com o que possam pensar, o governante afirma não ter medo de assumir medidas poucos populares, desde que isso permita ao país sair da crise financeira em que se encontra.

  • Aleksander Vucic aderiu ao ultranacionalista Partido Radical Sérvio (SRS) em 1993
  • Foi Ministro da Informação entre 1998 e 2000, durante o regime de Milosevic
  • Vucic saiu do SRS em 2008 e juntou-se ao Partido Progressista Sérvio
  • Foi eleito primeiro-ministro em abril de 2014 prometendo reformas económicas e avançando com a adesão à União Europeia

Quase uma década depois da independência, o país continua a tentar resolver os problemas do ado. A questão da independência unilateral da província do Kosovo continua a causar tensão.

Isabelle Kumar foi a Belgrado, capital da Sérvia, discutir estas e outras questões com o primeiro-ministro Aleksandar Vucic.

Isabelle Kumar, euronews: Colocou como objetivo a adesão. Acredita que a adesão à União Europeia será quando?

Aleksandar Vucic: Não é uma questão de tempo mas de conteúdo e estamos a fazer o melhor possível para permanecer, firmemente, no caminho da União Europeia, para cumprir todas as nossas obrigações e aceitarmos os valores europeus, no nosso país.

Isabelle Kumar, euronews: Tem havido alguma fadiga sobre o alargamento da União ao nível da Comissão Europeia mas, ao mesmo tempo, o senhor parece cansado com o processo e disse que não se sente respeitado pela União Europeia. Porquê?

Aleksandar Vucic: Porque sou muito honesto e sincero e não escondo nada na frente de ninguém. Há vários políticos da região e da Europa de Leste ou do Sul que bajularam, sempre, os funcionários da União Europeia dizendo, sempre, coisas boas. Eu só digo o que penso.

Isabelle Kumar, euronews: O que é que o está a aborrecer?

Aleksandar Vucic: Falou em fadiga em relação ao alargamento… Existe também, algum cansaço paciente, neste país. Sim, fizemos muitos esforços, vamos iniciar muitos empreendimentos. Investimos não apenas o nosso tempo, a nossa energia, a nossa força política… Iniciámos as mais duras e mais severas reformas económicas na Sérvia. Registámos progressos no diálogo com os albaneses do Kosovo e apercebemo-nos que não estamos a ser respeitados, que isso não devia ser esperado mas pensámos que isso seria o normal.”

Isabelle Kumar, euronews: Sobre a normalização das relações com o Kosovo, pois esse é um dos maiores problemas… As relações parecem tudo menos normais… Isso vai tornar-se num obstáculo intransponível para o seu governo?

Aleksandar Vucic: Creio que alcançámos muita coisa, embora não fosse uma questão fácil para nós. Era assunto muito difícil mas continuámos com o diálogo com os albaneses do Kosovo. Conseguimos finalizar, há muito pouco tempo, o acordo sobre a justiça e o sistema judicial. Assinámos um plano de implementação, resolvemos um problema de proteção civil, resolvemos um problema de orçamentos municipais em quatro municípios do norte – municípios sérvios – no norte do Kosovo. Estamos, ainda, em negociações sobre as questões da energia e telecomunicações.

Isabelle Kumar, euronews: Um relatório, recente, da Comissão Europeia sobre a Sérvia destacou, e o a citar: “É importante que o diálogo ao mais alto nível recomece”. Podemos presumir que esse diálogo, ao mais alto nível, não existe pois, recentemente, era suposto que o antigo primeiro-ministro do Kosovo, agora ministro dos Negócios Estrangeiros, Hashim Thaci, assistisse a uma reunião na Sérvia sobre a reconciliação regional e foi impedido pois descobriu que podia ser preso. Não há diálogo ao mais alto nível senão ele teria ido…

Aleksandar Vucic: Há diálogo ao mais alto nível todos os meses, duas vezes ou três vezes por mês. Mas ele sabia que isso iria acontecer, porque tem o veredicto desde de 1999. Não era nada novo para ele. É uma espécie de jogo político e ninguém se surpreendeu. Nós falamos uns com os outros. Encontrei-me com ele, creio que umas 32 vezes.

Isabelle Kumar, euronews: Foi uma provocação?

Aleksandar Vucic: Sabe, quando você fala comigo, eu utilizo um estilo diferente. Eu não critico os outros da região, nem mesmo se precisar de lhes responder. Tento evitar isso…

Isabelle Kumar, euronews: Ele disse que era uma falta de vontade política da sua parte…

Aleksandar Vucic: Falta de vontade política? Mas gostaria que víssemos que o governo estaria em condições de abolir veredictos? Não acredito que seja uma espécie de valor democrático do qual nos possamos regozijar. É algo que todo o mundo criticaria e isso não era um facto. Ele sabe que eu estava disposto a encontrar-me com ele quando e onde ele quisesse.

Isabelle Kumar, euronews: Mas não aqui?

Aleksandar Vucic: Claro que não aqui pois existe aquele mandado e ele sabe disso desde o início. Foi uma espécie de questão política para ele.

Isabelle Kumar, euronews: Politicamente, a questão do Kosovo é muito complicada mas penso que para os sérvios seja, também, uma questão muito emotiva e isso foi bem evidenciado em outubro, do ano ado, durante o jogo de qualificação para o Euro 2016 entre a Sérvia e a Albânia… Uma pessoa do público lançou um drone com a bandeira, albanesa…

Aleksandar Vucic: Foi uma terrível provocação, que fizeram connosco. Fizeram-no, nessa altura, de propósito mas creio que reagimos muito bem. Protegemos tanto os jogadores como os adeptos albaneses e ninguém se feriu…

Isabelle Kumar, euronews: Isso mostra que é uma questão muito emocional para os sérvios. Pode…

Aleksandar Vucic: Isso mostra que alguém nos quis provocar mas mostra, também, que estávamos muito calmos, não fomos agressivos e depois disso, depois de 70 anos, Edi Rama veio, pela primeira vez, a Belgrado e recebi-o e encontrei-o, uma segunda vez, aqui em Belgrado… Dentro de 10 ou 15 dias vou a Tirana e essa será a a primeira visita de um primeiro-ministro da Sérvia, depois de oitenta anos, ou algo assim.

Isabelle Kumar, euronews: Os sérvios apoiam o desanuviamento com o Kosovo?

Aleksandar Vucic: Não posso dizer isso mas, para ser honesto, o meu trabalho é cuidar dos interesses deste país e fazer algo para o bem do nosso povo e não importa se isso se enquadra na maneira de pensar de todos, neste país, ou se todos os outros iriam concordar ou não com alguma coisa. Estamos encarregados de lidar e entregar resultados reais ao país e queremos ter uma região calma e estável. Precisamos disso.

Isabelle Kumar, euronews: Aproxima-se o 20º aniversário do Acordo de Paz de Daytone e, também, do massacre de Srebrenica. Quando é que será será possível a região colocar o ado para trás das costas e conseguir alguma espécie de conclusão?

Aleksandar Vucic: Posso dizer que esse é o primeiro pilar da política do governo sérvio, que é a estabilidade política e regional e investimos muito nisso. Em primeiro lugar, pela primeira vez em 70 anos, o relacionamento com a Albânia não é muito mau. Conversámos várias vezes não só em Bruxelas mas, também, aqui em Belgrado.
Agora vamos continuar com o nosso diálogo em Tirana. Fazemos o nosso melhor para apoiar a integridade territorial e a soberania da Bósnia Herzegovina. A República Sérvia é uma entidade da Bósnia Herzegovina e consideramos ser fundamental para a estabilidade da região estabelecer o diálogo com a Bósnia. Temos um bom relacionamento com os montenegrinos, o melhor desde que se separou da Sérvia. Temos boas relações com a Macedónia, com a Hungria, a Bulgária e a Roménia e criámos o grupo de Krayova. A Sérvia nunca teve um relacionamento melhor com os vizinhos.

Isabelle Kumar, euronews: Mas essa tensão étnica continua fervilhar e a explodir. Recentemente…

Aleksandar Vucic: Claro! É por isso que estou a enfatizar isso. Não se pode matar as emoções das pessoas mas temos de fazer alguma coisa contra isso.

Isabelle Kumar, euronews: Estes aniversários que mencionei, os 20s° aniversários do Acordo de Paz de Dayton e de Srebrenica.

Aleksandar Vucic: E o 20° aniversário da “Operação Tempestade”, quando centenas de milhares de sérvios foram expulsos da Croácia é, também, este ano.

Isabelle Kumar, euronews: Foi ministro da Informação de Slobodan Milosevic. Quando olha para essa época fica desconfortável? Sente alguma vergonha do seu papel, nesse período da história?

Aleksandar Vucic: Sobre ser ministro da informação é muito fácil responder. Sinto-me desconfortável com uma lei de informação que propus nessa altura. Senti-me muito desconfortável mas fui muito sincero com o meu povo. Era uma lei de informação muito estúpida e confessei isso ao meu povo. Disse isso milhares de vezes.

Isabelle Kumar, euronews: Reprimir os “media” estrangeiros…

Aleksandar Vucic: De certo modo permitiu isso. Não foi para esse fim e não foi deliberado mas, de qualquer maneira, levou-nos a tais consequências e é por isso que eu o disse, abertamente e publicamente. Não o escondi.

Isabelle Kumar, euronews: E quanto ao tempo…

Aleksandar Vucic: Mas não tive nada em comum com as guerras,

Isabelle Kumar, euronews: E em relação às suas declarações, na época, no parlamento? Há um vídeo consigo a incitar a comunidade internacional, onde advertiu que por cada sérvio assassinado, cem muçulmanos seriam mortos…

Aleksandar Vucic: Foi retirado do contexto. Claro que tenho algumas declarações estúpidas mas aquela foi, absolutamente, retirada do contexto.

Isabelle Kumar, euronews: Não disse aquilo?

Aleksandar Vucic: Não daquela maneira, não naquele contexto. Não estava a esconder tudo… Estava ali a dizer muitas coisas estúpidas.

Isabelle Kumar, euronews: Existe, agora, suspeição por causa do seu papel como ministro da Informação e recebemos esta pergunta de Aleksandar Kokotović que diz: como é que compara a atual situação da liberdade de imprensa, dos “media”, com a época em que era ministro da Informação, pois existe uma preocupação sobre a liberdade de expressão.

Aleksandar Vucic: Creio que é muito fácil dizer algo contra mim mas posso dizer que há total liberdade de imprensa, no país. Claro que se pode, sempre, melhorar e farei o meu melhor para assegurar isso. Podem criticar-me, da maneira que quiseres, em todos os “medias” e não há qualquer problema.

Isabelle Kumar, euronews: Então, por que é que num relatório, recente, da União Europeia sobre o progresso existem preocupações, e o a citar “sobre a deterioração das condições para o pleno exercício da liberdade de expressão” e porque é que a Sérvia caiu 13 pontos no índice mundial sobre a liberdade de imprensa?

Aleksandar Vucic: Digam o que disserem, nós conciliámos três leis diferentes, três leis sobre os “media”, com a Comissão Europeia que aram no Parlamento…

Isabelle Kumar, euronews: Mas na realidade fazer ar leis é uma coisa mas a realidade no terreno é outra. Os “media” são livres?

Aleksandar Vucic: É isso o que eu penso mas é claro que muitas pessoas vão discordar comigo. Estou sempre pronto para ouvir todas as observações deles e, se possível, para estabelecer melhores condições para eles. Não tenho medo disso.

Isabelle Kumar, euronews: Então por que é que acusou, algumas vezes, os “media” de serem mentirosos?

Aleksandar Vucic: Não. Eu digo para alguém, quando alguém me diz alguma coisa que não é verdade, eu apenas respondo. Creio que isso é Democracia. Tenho o direito de dizer o que penso ou será que isso é proibido? Creio que não…

Isabelle Kumar, euronews: Outra parte integrante do processo de adesão à União Europeia é, obviamente, alinhar a política externa sérvia com a da União. Houve uma grande preocupação na UE sobre as sanções impostas à Rússia por causa da Ucrânia. A Sérvia escolheu não fazer isso. Gostaria de trazer a questão de Ahmed Alfin que pergunta se a Sérvia deve harmonizar a sua política externa para ser igual à da União e, gostaria de acrescentar, ficariam na situação de terem de seguir as diretrizes europeias nestas situações e isso seria desconfortável para a Sérvia?

Aleksandar Vucic: A Sérvia está a fazer isso. Ainda não somos membros da União Europeia e temos de salvaguardar os nossos interesses. Nós apoiamos a integridade territorial da Ucrânia. Penso que agimos com muita responsabilidade. Falei com Petro Poroshenko. Eles apoiam, também, a nossa integridade territorial…

Isabelle Kumar, euronews: Mas em relação a esta questão das sanções, quanto mais avança, mais…

Aleksandar Vucic: Nós precisamos de salvaguardar a nossa sobrevivência económica e, vamos dizer que a Holanda impôs sanções à Rússia, eles vão receber biliões de apoios da União europeia. Vão apoiar-nos com mil milhões para os nossos produtos agrícolas? Não, não creio. Isso significa que temos de pensar nos nossos camponeses, nos nossos agricultores e no nosso orçamento do Estado.

Isabelle Kumar, euronews: Mas pode ter de escolher entre a União Europeia e a Rússia. A sua amizade com Vladimir Putin pode ser o preço a pagar?

Aleksandar Vucic: Está a falar de que tipo de preço? Pois não é uma espécie de posição de equilíbrio. Estamos no nosso caminho para a União Europeia, que é o nosso objetivo estratégico, mas sim por outro lado, gostaríamos de preservar boas relações com a Rússia. Não se trata de um relacionamento pessoal ou algo parecido.

Isabelle Kumar, euronews: Acredita que as duas coisas são possíveis e que pode, nesta situação, manter um pé em cada campo?

Aleksandar Vucic: Não se trata de manter um pé em cada campo. Estamos no nosso objetivo estratégico que é o caminho da União Europeia, mas sim, gostaríamos de ter bom relacionamento com a Rússia. Eu disse isso, publicamente, sobre o nosso caminho da União à frente de Putin, muito abertamente assim como disse, também, à frente de Angela Merkel que gostaria de preservar boas relações com Putin. Essa é a nossa política.

Isabelle Kumar, euronews: Em relação à economia, a Sérvia tem vindo a sofrer com a crise económica desde 2009. O seu governo impôs duras medidas de austeridade. Temos visto, se olharmos para a situação na Europa, que a austeridade não tem funcionado de forma tão eficaz como seria de esperar. A crise económica persiste. Por que é que está tão confiante de que as medidas de austeridade vão funcionar na Sérvia?

Aleksandar Vucic: Vejo os primeiros resultados e vejo que o FMI mudou a sua previsão sobre a nossa taxa de crescimento. Foi, no início, menos um, em seguida, menos zero vírgula cinco e agora é zero. Estou certo de que vai ser… Vai sair da recessão ainda este ano e quando se faz isso num ano com medidas de consolidação fiscal, é uma espécie de pequeno milagre e tenho a certeza que vamos consegui-lo.

Isabelle Kumar, euronews: Todos os países, na mesma situação do seu, precisam do apoio da população e há preocupações em relação à “fuga de cérebros”, em que os mais brilhantes estão a sair da Sérvia. Adrijana pergunta o que está a fazer para evitar que estas pessoas abandonem a Sérvia.

Aleksandar Vucic: Estamos a fazer o melhor possível. É um caso da Sérvia, mas não só. Está a acontecer o mesmo na Roménia, Bulgária, Polónia e em todos os países do sudeste da Europa. A melhor maneira de combater isso é garantir um melhor ambiente de negócios no país de modo a alterar as perspetivas económicas, a dar esse tipo de esperança à nossa população e é isso que estamos a fazer. Espero que dentro de dois, três, quatro ou cinco anos, muitas dessas pessoas voltem do estrangeiro, porque terão aqui as mesmas condições que encontram em países da Europa Ocidental.

Isabelle Kumar, euronews: Parece muito cansado. Dá a parecer que o trabalho de liderança é exaustivo. É exaustivo?

Aleksandar Vucic: Não. Não quero parecer muito cansado. Pensei que estava sempre pronto para lutar pelas minhas ideias e talvez eu seja um pouco mais lento do que você esperava, mas estou sempre cheio de energia pronto para lutar por um futuro melhor para o povo da Sérvia e não tenho problemas com isso.

Isabelle Kumar, euronews: Como mencionámos, começou sob Slobodan Milosevic, agora tem levar o seu país por um caminho diferente. O que faz um bom líder, na sua opinião?

Aleksandar Vucic: Como Margaret Thatcher costumava dizer: nem sempre as decisões mais populares são as melhores decisões e estas medidas de austeridade que começámos a implementar em obras e reformas económicas duras. Nem todas as medidas foram bem acolhidas pelos sérvios. Depois de tudo tenho a certeza de que a população vai perceber que estas medidas foram as melhores que poderíamos tomar. Se falar sobre a estabilidade regional, a reconciliação, as pessoas realmente não querem ouvir falar sobre isso, mas eu não me importo. Vou continuar, porque acredito que esta é a melhor política e é a única que vai trazer resultados reais. Um futuro melhor e uma vida melhor para o povo sérvio.

Isabelle Kumar, euronews: Finalmente, Stephen pergunta se está orgulhoso dos seus feitos.

Aleksandar Vucic: Estou sempre a fazer o melhor que sei e a criticar-me. A autocrítica é algo com que vivo. Dou o meu melhor para fazer algo que seja importante para o país e há outras pessoas que poderiam avaliar isso e que poderiam fazer uma estimativa real disso, não eu.

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