{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/09/23/alemanha-merkel-mais-forte-e-mais-dependente" }, "headline": "Alemanha: Merkel mais forte e mais dependente", "description": "Alemanha: Merkel mais forte e mais dependente", "articleBody": "A chanceler Angela Merkel conseguiu uma vit\u00f3ria hist\u00f3ria. O partido da Uni\u00e3o Crist\u00e3 Democrata e os seus aliados b\u00e1varos obtiveram o melhor resultado desde a reunifica\u00e7\u00e3o da Alemanha, em 1990. \u00c9 um triunfo pessoal de Merkel. \u201cTodos an\u00f5es, menos Mutti\u201d, isto \u00e9, menos a mam\u00e3, titulava este jornal.Esta vit\u00f3ria n\u00e3o foi coroada por uma maioria absoluta. A derrota dos liberais, parceiros hist\u00f3ricos da CDU, deixa a chanceler numa situa\u00e7\u00e3o paradoxal: Merkel est\u00e1 mais do forte que nunca, mas tamb\u00e9m mais dependente, como explica o enviado especial da euronews a Berlim, Olaf Burns:\u201ara a chanceler, foi um grande triunfo pessoal, mas as pr\u00f3ximas semanas podem ser dif\u00edceis, pois o poss\u00edvel parceiro de coliga\u00e7\u00e3o, o SPD, tem m\u00e1s recorda\u00e7\u00f5es da \u00faltima grande coliga\u00e7\u00e3o, de modo que vai negociar com m\u00e3o de ferro.\u201dNo domingo \u00e0 noite, o candidato do SPD, Peer Steinbr\u00fcck, reconheceu que os resultados eram insuficientes, mas n\u00e3o esperou muito para salientar a fragilidade de Merkel. \u201cA bola est\u00e1 no campo de Merkel \u00e9 a chanceler que deve procurar uma maioria.\u201dSteinbruck tamb\u00e9m estabeleceu regras m\u00ednimas para negociar com Merkel: \u201cNada de joguinhos nem negocia\u00e7\u00f5es estrat\u00e9gicas: o SPD sabe o que quer para as pessoas, sabe o que quer para a pol\u00edtica europeia e para a pol\u00edtica externa do pa\u00eds. O que queremos para a Alemanha s\u00e3o pol\u00edticas que sejam socialmente justas e economicamente razo\u00e1veis. Estes s\u00e3o os nossos valores, a base de tudo\u201dAntigo ministro das Finan\u00e7as da Grande Coliga\u00e7\u00e3o, entre 2005 e 2009, Steinbruck est\u00e1, desta vez, mais inclinado para a esquerda, nomeadamente quando defende a necessidade de imp\u00f4r um sal\u00e1rio m\u00ednimo na Alemanha, o que, at\u00e9 agora, nunca foi criado.Mas o SPD tamb\u00e9m pode exigir a pasta das Finan\u00e7as, o que equivale a Merkel ter de prescindir de Wolfgang Sch\u00e4uble, o respeitado ministro das Finan\u00e7as do governo cessante.A Euronews conversou com Jan Techau, director do centro europeu do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. Olaf Bruns, euronews:O triunfo pessoal da chanceler \u00e9 o que ressalta agora, mas o resultado da elei\u00e7\u00e3o \u00e9 o espelho da campanha eleitoral da CDU, totalmente focalizada na sua pessoa e claramente n\u00e3o em quest\u00f5es pol\u00edticas\u2026Jan Techau: \u201cEvitar as tem\u00e1ticas \u00e9 uma velha estrat\u00e9gia de campanha, mas o que importa s\u00e3o outras coisas. Os fatores importantes s\u00e3o os cl\u00e1ssicos: A boa situa\u00e7\u00e3o da economia e a dificuldade de fazer campanha a partir dos pontos de vista da oposi\u00e7\u00e3o. Isto foi, para mim, o fator principal, comparado com outros casos na Europa, por exemplo, os n\u00edveis de desemprego na Alemanha. As pessoas n\u00e3o sentem a crise, as pessoas sentem-se bem e n\u00e3o t\u00eam vontade de mudar. Este \u00e9 o primeiro ponto. O segundo \u00e9 que a chanceler \u00e9 vista -mesmo pelas pessoas que n\u00e3o gostam dela \u2013 como algu\u00e9m que n\u00e3o se tem sa\u00eddo mal e que merece confian\u00e7a. Este sentimento que ela criou faz as pessoas sentirem-se bem e ela incarna esse sentimento.Euronews:Mas n\u00e3o pensa que a campanha da CDU sobre a Europa e a crise europeia deixou espa\u00e7o para a \u201cAlternativa para a Alemanha\u201d, o partido anti-europeu que ganha alguma exist\u00eancia?Jan Techau:Sim, a chanceler abriu o flanco e criou vulnerabilidades sobre a pol\u00edtica europeia. Por um lado, porque quando se pensa de uma forma cl\u00e1ssica na economia liberal, a maior parte do que foi acordado para ultraar a crise e aquilo que foi maioritariamente aprovado na Alemanha \u00e9 o inferno. Isso \u00e9 o que os economistas liberais cl\u00e1ssicos n\u00e3o gostam e n\u00e3o aprovam. Este \u00e9 um dos seus pontos fracos, o outro \u00e9 que, ela pr\u00f3pria, durante a batalha contra a crise, foi afirmando que queria uma maior integra\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica e agora diz que n\u00e3o quer nem a uni\u00e3o pol\u00edtica nem a integra\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, que supostamente deveria seguir. Agora ela criou uma nova clivagem entre o que \u00e9 economicamente necess\u00e1rio, mas politicamente n\u00e3o pratic\u00e1vel. Isto \u00e9 um ponto de fragilidade para a Europa e, a longo prazo, tamb\u00e9m para o partido de Merkel.Euronews:Angela Merkel ganhou a elei\u00e7\u00e3o praticamente sozinha, mas n\u00e3o pode governar s\u00f3. Precisa de uma coliga\u00e7\u00e3o e o mais prov\u00e1vel \u00e9 uma grande coliga\u00e7\u00e3o CDU/SPD. Mas em que condi\u00e7\u00f5es v\u00e3o os dois partidos iniciar as negocia\u00e7\u00f5es?Jan Techau:\u00c9 psicologicamente muito interessante que isto aconte\u00e7a neste momento. A CDU est\u00e1 numa posi\u00e7\u00e3o de for\u00e7a, mas na verdade est\u00e1 a suplicar apoio porque precisa de mais algu\u00e9m para constituir uma maioria. O SPD vai tentar negociar o melhor poss\u00edvel. O SPD tem um \u00f3timo instrumento no Bundesrat, que est\u00e1 solidamente nas m\u00e3os dos sociais democratas e atrav\u00e9s do qual pode complicar a vida da chanceler. Mas provavelmente o SPD n\u00e3o vai ter capacidade de resist\u00eancia e aceita a grande coliga\u00e7\u00e3o\u201d.Euronews:Muitos europeus, especialmente no sul da Europa esperam que nesta coliga\u00e7\u00e3o o SPD consiga levar a Alemanha a posi\u00e7\u00f5es mais flex\u00edveis com respeito \u00e0 crise. Que pe\u00e7a menos programas de austeridade. Pensa que v\u00e3o ver concretizadas as esperan\u00e7as que t\u00eam?Jan Techau:Penso que poder\u00e3o alcan\u00e7ar qualquer coisa mas, em princ\u00edpio, a posi\u00e7\u00e3o alem\u00e3 n\u00e3o vai mudar. N\u00e3o nos podemos esquecer que a chanceler n\u00e3o est\u00e1 sozinha nas suas posi\u00e7\u00f5es. Salvo algumas exce\u00e7\u00f5es esta posi\u00e7\u00e3o \u00e9 comum em toda a Alemanha. O SPD n\u00e3o tem alternativas revolucion\u00e1rias na bagagem e a chanceler n\u00e3o est\u00e1 sozinha nas suas posi\u00e7\u00f5es sobre a Europa. Ela tem aliados poderosos na Uni\u00e3o, com os holandeses e os austr\u00edacos, a maioria dos escandinavos e tamb\u00e9m os polacos. Isto nunca foi apenas o espet\u00e1culo Merkel: a quest\u00e3o da austeridade e etc sempre teve consenso no norte da Europa. O princ\u00edpio de \u201cN\u00f3s damo-vos garantias, mas em troca voc\u00eas t\u00eam que fazer reformas\u201d. Isto n\u00e3o vai mudar.", "dateCreated": "2013-09-23T21:14:34+02:00", "dateModified": "2013-09-23T21:14:34+02:00", "datePublished": "2013-09-23T21:14:34+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F239810%2F1440x810_239810.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Alemanha: Merkel mais forte e mais dependente", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F239810%2F432x243_239810.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Alemanha: Merkel mais forte e mais dependente

Alemanha: Merkel mais forte e mais dependente
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

A chanceler Angela Merkel conseguiu uma vitória histórica. O partido da União Cristã Democrata e os seus aliados bávaros obtiveram o melhor resultado desde a reunificação da Alemanha, em 1990. É um triunfo pessoal de Merkel. “Todos anões, menos Mutti”, isto é, menos a mamã, titulava este jornal.

Esta vitória não foi coroada por uma maioria absoluta. A derrota dos liberais, parceiros históricos da CDU, deixa a chanceler numa situação paradoxal: Merkel está mais forte do que nunca, mas também mais dependente, como explica o enviado especial da euronews a Berlim, Olaf Burns:

“Para a chanceler, foi um grande triunfo pessoal, mas as próximas semanas podem ser difíceis, pois o possível parceiro de coligação, o SPD, tem más recordações da última grande coligação, de modo que vai negociar com mão de ferro.”

No domingo à noite, o candidato do SPD, Peer Steinbrück, reconheceu que os resultados eram insuficientes, mas não esperou muito para salientar a fragilidade de Merkel.

“A bola está no campo de Merkel é a chanceler que deve procurar uma maioria.”

Steinbruck também estabeleceu regras mínimas para negociar com Merkel:

“Nada de joguinhos nem negociações estratégicas: o SPD sabe o que quer para as pessoas, sabe o que quer para a política europeia e para a política externa do país. O que queremos para a Alemanha são políticas que sejam socialmente justas e economicamente razoáveis. Estes são os nossos valores, a base de tudo.”

Antigo ministro das Finanças da Grande Coligação, entre 2005 e 2009, Steinbruck está, desta vez, mais inclinado para a esquerda, nomeadamente quando defende a necessidade de impôr um salário mínimo na Alemanha, o que, até agora, nunca foi criado.

Mas o SPD também pode exigir a pasta das Finanças, o que equivale a Merkel ter de prescindir de Wolfgang Schäuble, o respeitado ministro das Finanças do governo cessante.

A Euronews conversou com Jan Techau, director do centro europeu do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.

Olaf Bruns, euronews:
O triunfo pessoal da chanceler é o que ressalta agora, mas o resultado da eleição é o espelho da campanha eleitoral da CDU, totalmente focalizada na sua pessoa e, claramente, não em questões políticas…

Jan Techau: “Evitar as temáticas é uma velha estratégia de campanha, mas o que importa são outras coisas. Os fatores importantes são os clássicos: A boa situação da economia e a dificuldade de fazer campanha a partir dos pontos de vista da oposição. Isto foi, para mim, o fator principal, comparado com outros casos na Europa, por exemplo, os níveis de desemprego na Alemanha. As pessoas não sentem a crise, as pessoas sentem-se bem e não têm vontade de mudar. Este é o primeiro ponto. O segundo é que a chanceler é vista -mesmo pelas pessoas que não gostam dela – como alguém que não se tem saído mal e que merece confiança. Este sentimento que ela criou faz as pessoas sentirem-se bem e ela incarna esse sentimento.

Euronews:
Mas não pensa que a campanha da CDU sobre a Europa e a crise europeia deixou espaço para a “Alternativa para a Alemanha”, o partido anti-europeu que ganha alguma existência?

Jan Techau:
Sim, a chanceler abriu o flanco e criou vulnerabilidades sobre a política europeia. Por um lado, porque quando se pensa de uma forma clássica na economia liberal, a maior parte do que foi acordado para ultraar a crise e aquilo que foi maioritariamente aprovado na Alemanha é o inferno. Isso é o que os economistas liberais clássicos não gostam e não aprovam. Este é um dos seus pontos fracos, o outro é que, ela própria, durante a batalha contra a crise, foi afirmando que queria uma maior integração económica e agora diz que não quer nem a união política nem a integração política, que supostamente deveria seguir. Agora ela criou uma nova clivagem entre o que é economicamente necessário, mas politicamente não praticável. Isto é um ponto de fragilidade para a Europa e, a longo prazo, também para o partido de Merkel.

Euronews:
Angela Merkel ganhou a eleição praticamente sozinha, mas não pode governar só. Precisa de uma coligação e o mais provável é uma grande coligação CDU/SPD. Mas em que condições vão os dois partidos iniciar as negociações?

Jan Techau:
É psicologicamente muito interessante que isto aconteça neste momento. A CDU está numa posição de força, mas na verdade está a suplicar apoio porque precisa de mais alguém para constituir uma maioria. O SPD vai tentar negociar o melhor possível. O SPD tem um ótimo instrumento no Bundesrat, que está solidamente nas mãos dos sociais democratas e através do qual pode complicar a vida da chanceler. Mas provavelmente o SPD não vai ter capacidade de resistência e aceita a grande coligação”.

Euronews:
Muitos europeus, especialmente no sul da Europa esperam que nesta coligação o SPD consiga levar a Alemanha a posições mais flexíveis com respeito à crise. Que peça menos programas de austeridade. Pensa que vão ver concretizadas as esperanças que têm?

Jan Techau:
Penso que poderão alcançar qualquer coisa mas, em princípio, a posição alemã não vai mudar. Não nos podemos esquecer que a chanceler não está sozinha nas suas posições. Salvo algumas exceções esta posição é comum em toda a Alemanha. O SPD não tem alternativas revolucionárias na bagagem e a chanceler não está sozinha nas suas posições sobre a Europa. Ela tem aliados poderosos na União, como os holandeses e os austríacos, a maioria dos escandinavos e também os polacos. Isto nunca foi apenas o espetáculo Merkel: a questão da austeridade e etc. sempre teve consenso no norte da Europa. O princípio de “Nós damo-vos garantias, mas em troca vocês têm que fazer reformas”. Isto não vai mudar.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Ex-MNE da Alemanha eleita Presidente da Assembleia-Geral da ONU

Rússia está a tentar ganhar tempo nas negociações de paz com a Ucrânia, diz a Alemanha

Manifestação pró-Palestina em Berlim termina com feridos e detenções