Em entrevista à Euronews, a comissária europeia para o Ambiente e Resiliência Hídrica afirma que “qualquer pessoa que queira aderir à solidariedade para com a comunidade LGBTQ na Hungria deve fazê-lo".
A comissária europeia para o Ambiente e a Resiliência Hídrica, Jessika Roswall, afirma que "qualquer pessoa que queira aderir à solidariedade para com a comunidade LGBTQ na Hungria deve fazê-lo".
A comissária reagiu à decisão do governo húngaro de proibir as paradas do Orgulho Gay, uma decisão que foi fortemente condenada pela maioria dos Estados-membros da UE, incluindo França, a Alemanha e Espanha.
"A União Europeia assenta em valores que, naturalmente, todos defendemos, e é essa a exigência que nos leva a fazer parte desta união - uma das coisas mais importantes é a construção deste valor precioso da liberdade das pessoas e de amarem quem quiserem, ou do Estado de Direito e todas estas coisas", disse Roswall à Euronews.
"Por isso, é claro que apoio essa ideia e eu própria já estive em muitas paradas, mas só em Estocolmo", acrescentou.
Entretanto, uma fonte da Comissão Europeia disse à Euronews que é pouco provável que os comissários da UE se solidarizem com a comunidade LGBTQ+, uma vez que isso poderia ser visto como uma "provocação" ao primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e abrir a porta a que este acuse a UE de interferir nos assuntos húngaros.
“Penso que seria favorável a Orbán se aparecessem pessoas de topo de Bruxelas [a manifestar-se publicamente]”, afirmou a fonte.
A situação jurídica
No entanto, especialistas em Direito e alguns Estados-membros argumentam que a Comissão Europeia é obrigada a proteger os direitos e liberdades dos cidadãos da UE ao abrigo do artigo 2.
Um grupo de 17 Estados-membros, liderado pelos Países Baixos, assinou uma declaração condenando a decisão húngara.
Estamos "preocupados com as implicações destas medidas sobre a liberdade de expressão, o direito de reunião pacífica e o direito à privacidade", lê-se numa parte da declaração.
O comissário europeu para a Justiça e o Estado de Direito, Michael McGrath, considerou a liberdade de reunião um direito fundamental que deve ser protegido.
Insistiu no facto de as Marchas do Orgulho não constituírem uma ameaça para as crianças, como argumentou o parlamento húngaro.
Entretanto, Roswall diz que não quer tomar decisões pelos outros, mas afirma que a questão está no centro das suas convicções e dos valores do bloco de 27 membros.
"Não digo às pessoas o que devem fazer, mas é nisso que acredito verdadeiramente e é também esse o cerne da União Europeia", explicou.
O evento Budapest Pride está marcado para 28 de junho, desafiando a nova lei, e embora vários eurodeputados tenham manifestado a sua intenção de participar, nenhum comissário europeu o fez.