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Preços do café em ebulição devido a catástrofes naturais que dizimam as colheitas

Os preços estão a aumentar nos cafés europeus.
Os preços estão a aumentar nos cafés europeus. Direitos de autor Hrant Khachatryan/Unsplash+
Direitos de autor Hrant Khachatryan/Unsplash+
De Garfield Myrie
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O café deve ficar mais caro na Europa, depois de os dois principais países produtores terem sido atingidos pela seca e por tempestades.

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As secas no Brasil, o maior produtor mundial de café, e os fortes tufões no Vietname, o segundo maior produtor, estão a perturbar significativamente as cadeias de abastecimento a nível mundial. O aumento dos custos de produção do café já está a chegar aos consumidores.

Sendo uma das maiores regiões que mais café consome, os apreciadores de café da Europa vão achar o aumento de preços particularmente difícil de engolir. Os europeus bebem cerca de 3,2 milhões de toneladas de café por ano, o que representa quase 33% do consumo total no mundo, segundo a empresa alemã de dados de consumo Statista.

Catástrofes naturais causam estragos

O Brasil, responsável por cerca de 40% da produção mundial de café, tem estado a braços com uma das piores secas das últimas décadas. As condições climatéricas afetaram gravemente as regiões de cultivo de café arábica e reduziram os rendimentos.

A colheita de 2023-2024 registou uma queda acentuada, com algumas estimativas a sugerir que a produção pode cair até um quinto (20%).

O impacto está a ser sobretudo sentido em Minas Gerais, o estado que mais produz café no Brasil e o berço do grão arábica de alta qualidade, que tem registado meses de precipitação abaixo da média.

Agricultores no Brasil enfrentam a pior seca do país em mais de sete décadas e temperaturas acima da média.
Agricultores no Brasil enfrentam a pior seca do país em mais de sete décadas e temperaturas acima da média.Andre Penner/Copyright 2024 The AP. All rights reserved

Enquanto o Brasil domina o mercado do café arábica, o Vietname é o maior produtor mundial do grão robusta, mais barato e utilizado no café instantâneo. No início deste mês, a principal região de cultivo de café do Vietname, as Terras Altas do centro do país, foi dizimada pelo tufão Yagi, que matou pelo menos 60 pessoas e deixou centenas de feridos.

As primeiras avaliações sugerem que milhares de hectares de plantações de café foram afetados, com perdas significativas tanto para a colheita atual como para a produção futura, uma vez que as árvores danificadas podem levar anos a recuperar.

Tempestade perfeita leva os preços a um máximo de 10 anos

Os efeitos combinados da seca no Brasil e do tufão no Vietname provocaram um aumento acentuado dos preços do café a nível mundial. Segundo a Organização Internacional do Café (OIC), um organismo intergovernamental constituído pelos países exportadores e importadores de café, os preços subiram quase 20% no terceiro trimestre de 2024, atingindo os níveis mais elevados em quase uma década.

Katharina Erfort, da empresa de abastecimento internacional Inverto, não prevê a possibilidade de os preços voltarem ao normal num futuro próximo. Em declarações à Euronews Business, Erfort disse ser "improvável uma recuperação rápida do setor do café, mesmo com potenciais melhorias na oferta.

"Os efeitos atuais das alterações climáticas dificultam um regresso rápido à estabilidade. O setor continua vulnerável face a padrões meteorológicos extremos que podem continuar a perturbar as colheitas futuras. Além disso, o aumento da procura mundial, em particular em mercados emergentes como a Ásia, pode continuar a pressionar os preços no sentido de um aumento, abrandando ainda mais os esforços de recuperação, acrescentou.

Os futuros do café arábica, transacionados na Intercontinental Exchange (ICE), aumentaram drasticamente, com os preços a oscilarem agora acima dos $2,50 (€2,25) por libra (453 gramas), contra $1,80 (€1,62) no início do ano. Os preços do robusta seguiram uma trajetória semelhante, subindo cerca de 25% e atingindo mais de 2.000 dólares (1.796 euros) por tonelada.

Estes aumentos acentuados dos preços provocaram ondas de choque no mercado mundial do café. Os comerciantes mostram-se preocupados com a possibilidade de as condições meteorológicas e o custo da reconstrução após catástrofes naturais possam subir ainda mais os preços.

O analista de produtos agrícolas do Rabobank Carlos Mera disse à Bloomberg que esta crise é ainda agravada por desafios logísticos, como o congestionamento dos portos e a escassez global de contentores, que estão a dificultar a circulação do café a nível mundial.

O caso de amor da Europa com o café está a ser posto à prova

O impacto do aumento dos custos é particularmente visível na Europa. Na Alemanha, o maior mercado de café da Europa, os preços de retalho do café moído e do café em grão aumentaram em média 10% desde 2022, segundo o Statista.

Um inquérito da Federação Europeia do Café (ECF), sediada em Bruxelas, constatou que quase 65% dos cafés na Europa aumentaram os preços entre 5% e 15% desde o início de 2023. Os investigadores observaram que os aumentos foram provavelmente impulsionados por uma série de fatores para além do custo do grão de café, uma vez que a inflação fez subir o preço de outros bens essenciais, como o leite, o açúcar e os copos descartáveis.

Enquanto os dois maiores produtores mundiais de café lutam para recuperar das respetivas crises, as perspetivas para o mercado mundial do café permanecem incertas.

As alterações climáticas estão a reduzir a disponibilidade de terrenos onde a cultura do café pode prosperar. Além disso, os fenómenos meteorológicos extremos estão a aumentar, criando uma tempestade perfeita para o setor e para os apreciadores de café da Europa.

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